O Bilhete

Era uma sexta-feira chuvosa de novembro. Mais molhada do que o normal pra esta época do ano. No relógio eu via: 15:15 - eu precisava ir ao banco de qualquer jeito, não tinha mais como adiar.

Corri naquele temporal e me digiri à imensa fila de atendimento, onde todos tinham as mesmas pressas e humores. Enquanto eu aguardava pacientemente (eu sendo irônica), desviei meu olhar para um ponto do Banco a fim de pensar em alguma coisa útil para passar o tempo. Foi, então, que vi um bilhetinho caído no chão. Não sei porquê mais fui acometida de uma curiosidade, sem tamanho, de saber o que havia naquele pequeno papel.

Algumas pessoas passavam, chutavam aquele minúsculo recado. Parecia que ele estava lá para mim, somente para mim. O tempo foi passando, a minha vez no atendimento foi se aproximando e eu estava praticamente hipnotizada, olhando aquele papelzinho estúpido.

Chegou minha vez, fui atendida, andei até aquele maldito pedaço de papel e, num súbito incontrolável, abaixei-me, peguei-o e saí do banco, com o coração em saltos, com se eu estivesse tentando desvendar algum crime ou coisa parecida. Influência hollywoodiana.

Já na rua, procurei desesperadamente um lugar tranquilo para que eu descobrisse, enfim, o conteúdo daquele papel que estava me consumindo.
Sentei à mesa de um simpático barzinho, pedi um chopp (apesar da chuva, o calor só aumentava) e finalmente me vi, cara a cara com meu objeto de desejo. Abri.

"Desculpe-me por tudo! Eu te amo demais! Não quero você fora da minha vida..."

Emocionei-me, chorei, terminei meu chopp segui meu caminho de volta pra casa.

Comentários

Anônimo disse…
Oi Rê! Tudo bem?
Acredita que fiquei emocionada tb?! Não sei se é pq estou de TPM e fico bem mais sensível...
Mas agora fiquei pensando: provavelmente a pessoa que recebeu o bilhete não aceitou o pedido desesperado de desculpas da parte contrária :(
Bjs.
Egon Zakuska disse…
Ah! É este então o famoso texto?
Belíssima crônica, Rê! gostei muito, muito mesmo.
Beijinhos

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